bem vindos ao lugar,
não,
a casa,
onde se percebe,
não,
onde se toca
a confusão das palavras,
não,
das idéias
que não se exprimem,
não,
que se ausentam
ao tempo,
não,

ao exílio
das horas.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

retalhos da vida íntima

retalhos da vida íntima
(ou sob efeito de Baco)


mergulhado em Baco
quedo-me ante seu colo branco,
lívido, diáfano, nínfico.
tranco a casa, baixo cortinas,
abarco o tempo na elípse
- abduso sim, este relógio,
o estágio a hora do repasto -
refaço cada passo em ronda
pela casa abandonada de tu'alma
lambendo as pegadas úmidas
e farejando a mistura química
do estro teu e meu - o éden!
tremo sob a lânguidez tua.
dispo-me convertido á ti;
pele e sintéticos texteis fabris.
confundo tu'existencia co'a minha.
elevo teu mundo a vulgaridade
e entrego teu divíno sexo
ao sacrilégio de vinho d'Auslez,
e bebo-te, embriago-me, vicío-me.
teu cheiro se almiscara lento
e me lembra o ópio indegusto,
o fruto da papoula puro e cristal.
devaneios em meandros d'espinhos -
ah! levando-me a viagens longas
por terras ermas e altas de ti e mim!
ao fim reabro a casa para o ar
levar no vento leste que sopra
por agora renovado e fresco
teu cheiro ácido até os deuses,
afim de que me invejes a sorte
de navegar o profundo mar d'Afrodite
encarnado divinamente o femme corpo
dela.



charles souza.

Nenhum comentário: