bem vindos ao lugar,
não,
a casa,
onde se percebe,
não,
onde se toca
a confusão das palavras,
não,
das idéias
que não se exprimem,
não,
que se ausentam
ao tempo,
não,

ao exílio
das horas.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

navegar (desordem)

navegar (desordem)

quando ouvi-te
havia silêncio
no mundo.
inexistia voz,
música e brisa.
tu eras uma foz
e murmulhavas
a direção do sol
- vezes alvas
a epifânia estúpida
brilhava imóvel
a chance álgida -
então umedeceu-me
a saliva na goela
matando co'a sua
a sensação de sede.
quando senti
não era mais água
- marinha ou etérea.
a que caía
cristal líqüida:
pluvial apenas.
formou-se uma poça ao chão!
não houve espaço
nem cais
para minha
embarcação veloz.
a levar-me sempre
à mais distância.
percebi as nuvens
já eras tarde
e seu desígnio
era esmaecer em mim.
não passava por ti
pássaros ou balões
que me deixassem
n'algum castelo
para dormir.
restou no entanto
uma pequena jangada
quase oculta no nevoeiro
triste e gótico
a seduzir-me.
novamente era teu ar
golfado que me envolvia.
penetrar teus secretos
tornou-se uma ambição!
assim ébrio
de teu álcool profanador
destilado em minhas veias,
naveguei a madrugada;
sem transeuntes,
sem ponte.
só um rio imenso.
eu mergulhado em ti.
destacada na penumbra,
silhueta solitária.

charles souza.

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