incerto.
incerto como andar
solto pela ravina,
uma onda abaixo,
detestada, lacônica,
sente sua salinidade:
preconceito senil.
que valem novos
urdidos, multiplicados
humanos, vis desejos?
sensíveis à luz diurna
a veracidade esvaece
na lânguidez mentida.
a novidade acumula
concêntricas, zonza,
multidireções fáceis.
passeia o círculo
feito profuso espiral
assinalando páginas.
cada onda cega
mais e mais incerto
na noitívaga jornada.
o seio descoberto,
o sorriso afetando
algo insosso, alegre.
descobre-se infiel
as crenças inúteis
que desorientam passos.
incerto como andar
solto pela ravina
a balouçar líquida:
vida, sonhos alcoólicos,
tudo acomodado
numa garrafa de Chivas
esboroa-se ao razo
força e coragem
na nítida corredeira
que a chuva (de)forma
e condensa os vapores
do sono perdido.
vê-se levado dócil
ao sopé da cama
sonhando arrepender-se
tardiamente do prazer.
então sonha as mãos
e devora o corpo.
charles souza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário