A bruma espessa lhe fazia pensar
e o pedaço de papel amassado na mão
sussurrara-lhe qualquer coisa de insólito ...
(uma idéia profunda de qualquer coisa)
o cais era deserto e solitariamente frio
as luzes brancas e opacas remetiam-lhe
à alguma fotografia de pierrô em preto e branco
então saiu pela noite
rescendendo a própria urina
degradado e sem amor próprio
com seus 500ml de sonhos
mediocremente arranjados
numa garrafa de Shivas
esverdeada e tão brilhante
como suas idéias, mesmo assombradas ...
(nunca foram um dia).
A vida liqüida balouçava
numa desvairada agonia
agarrando-se a qualquer preço
aos insumos que o acaso lhe atirava.
assim que sentiu rtestituir-se-lhe
volveu a cabeça num giro de mundo
pode divisar então, todo o entulho de sentidos
que o alcool destilára na alma ...
( já decantada)
a cidade agora mais idiota que nunca
não tinha coragem de lhe erguer a voz
visto que, já era madrugada, todos dormiam.
seus dedos tatearam algo sólido na penumbra
enxergou o saco preto de lixo - que pensou agradável -
resignou-se e decidiu repousar ali.
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