bem vindos ao lugar,
não,
a casa,
onde se percebe,
não,
onde se toca
a confusão das palavras,
não,
das idéias
que não se exprimem,
não,
que se ausentam
ao tempo,
não,

ao exílio
das horas.


quinta-feira, 27 de setembro de 2007

o fogo das pedras

a pedra: essa
onde erigí minha "sua-morada"

o fogo: esse
em que me queimo em cuidados

esse apostolado deve ser
a expansão do laço de amizade
que se estende às profundas de Deus

é como
uma casa de diamante esse amigo:
brilha por dentro uma luz
resplandecente de grande beleza

entretanto não o penetra
sem se quebrar incontinente
sua parede exterior:
tarefa difícil para quem a quebra

pois deve ferí-la a golpes firmes
dados com a própria carne
em paredes que se defendem
com lâminas e arestas

nisso ele fere a sí mesmo.
uma vez destruida a primeira parede
a luz interior de um vermelho vivo
brilha com nova intensidade

a pedra: assim
lapida-se a pedra

o fogo: assim
se busca o calor do amigo

ele destruirá progressivamente
várias paredes nesta arte
ferindo-se sempre de modo mais profundo

marcando ambos nesta experiência
(entretanto não age como alguém
que quebra um vaso
e logo se afasta sem maiores preocupações)

suas feridas se tornam
cada vez mais profundas
até o momento onde se encontra
diante da última e transparente parede:

já percebe através dela a própria luz
parecendo-lhe que se quebrar
a própria luz se apagará
contudo precisa também

destruir essa última parede.
só a esse preço achará
a intimidade mais profunda do amigo -
a pedra centelha da alma divina.

charles souza (assino como cummings)

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