a pedra: essa
onde erigí minha "sua-morada"
o fogo: esse
em que me queimo em cuidados
esse apostolado deve ser
a expansão do laço de amizade
que se estende às profundas de Deus
é como
uma casa de diamante esse amigo:
brilha por dentro uma luz
resplandecente de grande beleza
entretanto não o penetra
sem se quebrar incontinente
sua parede exterior:
tarefa difícil para quem a quebra
pois deve ferí-la a golpes firmes
dados com a própria carne
em paredes que se defendem
com lâminas e arestas
nisso ele fere a sí mesmo.
uma vez destruida a primeira parede
a luz interior de um vermelho vivo
brilha com nova intensidade
a pedra: assim
lapida-se a pedra
o fogo: assim
se busca o calor do amigo
ele destruirá progressivamente
várias paredes nesta arte
ferindo-se sempre de modo mais profundo
marcando ambos nesta experiência
(entretanto não age como alguém
que quebra um vaso
e logo se afasta sem maiores preocupações)
suas feridas se tornam
cada vez mais profundas
até o momento onde se encontra
diante da última e transparente parede:
já percebe através dela a própria luz
parecendo-lhe que se quebrar
a própria luz se apagará
contudo precisa também
destruir essa última parede.
só a esse preço achará
a intimidade mais profunda do amigo -
a pedra centelha da alma divina.
charles souza (assino como cummings)
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